sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

O Imperativo Categórico

Immanuel Kant, A Metafísica da Moral (1797)
"Existe... só um imperativo categórico, que é este: Age somente, segundo uma máxima tal, que possas querer ao mesmo tempo que se torne lei universal."
O Imperativo Categórico é um dos principais paradigmas da filosofia de Kant.' Sua ética e moral terão por base este preceito. Para este filósofo alemão imperativo categórico vem a ser o dever de agir na conformidade dos princípios que se quer sejam aplicados por todos os seres humanos.
Carece atentar-se, também, para o Imperativo Universal ("Age como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, por tua vontade, lei universal da natureza."), assim como para o Imperativo Prático ("Age de tal modo que possas usar a humanidade, tanto em tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre como um fim ao mesmo tempo e nunca apenas como um meio.").
Por que "imperativo categórico"?
Imperativo, porque é um dever moral.
Categórico, porque atinge a todos, sem exceção.

Ao introduzir a ética em sua obra filosófica, Kant fez surgir uma nova versão da antiga Regra de Ouro, aquela regra ditada pelos grandes Mestres da humanidade: "Faça para os outros o que você gostaria que fizessem a você."
Kant ampliou a regra para algo assim: "Faça para os outros o que gostaria que todos fizessem para todos."
Com isso, Kant queria evitar o problema das diferentes idéias que cada pessoa tem sobre o que gostaria que se fizesse a elas. Queria enfrentar o "relativismo moral", essa moralidade circunstancial tão generalizada hoje em dia: a noção de que o que é certo depende da situação ou do contexto.
Ele não concordava com a doutrina do utilitarismo, ou seja, a de que "os fins justificam os meios". Como podemos nortear nossas ações com base nos resultados, se até mesmo os planos mais bem traçados podem ser desvirtuados? O resultado do que fazemos, muitas vezes, não é absolutamente o que pretendíamos, portanto é um desvirtuamento moral basear nossos julgamentos nos resultados.
Então, como agir com segurança? Segundo Kant, se quisermos ser objetivos, temos que agir, não segundo os fins, mas segundo princípios universais e não em regras circunstanciais.
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Ampliando o campo da análise da moral Kantina vamos à compreenção de um trecho de Marilena Chauí em Convite á Filosofia, que aborda de forma simples e objetiva a questão da moral e ética.

"Se examinarmos o pensamento filosófico dos antigos, veremos que nele a ética
afirma três grandes princípios da vida moral:
1. por natureza, os seres humanos aspiram ao bem e à felicidade, que só podem
ser alcançados pela conduta virtuosa;
2. a virtude é uma força interior do caráter, que consiste na consciência do bem e
na conduta definida pela vontade guiada pela razão, pois cabe a esta última o
controle sobre instintos e impulsos irracionais descontrolados que existem na
natureza de todo ser humano;
3. a conduta ética é aquela na qual o agente sabe o que está e o que não está em
seu poder realizar, referindo-se, portanto, ao que é possível e desejável para um
ser humano. Saber o que está em nosso poder significa, principalmente, não se
deixar arrastar pelas circunstâncias, nem pelos instintos, nem por uma vontade
alheia, mas afirmar nossa independência e nossa capacidade de
autodeterminação.
O sujeito ético ou moral não se submete aos acasos da sorte, à vontade e aos
desejos de um outro, à tirania das paixões, mas obedece apenas à sua consciência
– que conhece o bem e as virtudes – e à sua vontade racional – que conhece os
meios adequados para chegar aos fins morais. A busca do bem e da felicidade são
a essência da vida ética."

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